Em 1982 fui convidado pelo fundador do SPAMED CAMPUS, Dr Mauro Tadeu Moura, para compor o quadro de Especialistas que assumiriam a responsabilidade para dar solução aos diferentes problemas de pacientes obesos mórbidos desde o tratamento clínico (para emagrecer), até o tratamento cirúrgico plástico na busca de um CONTORNO CORPORAL que ajudaria em muito no sentido de atingir a AUTOESTIMA. Os primeiros casos que nos apareceram eram pacientes com emagrecimento acentuado entre 50 e 150kg.
“Jamais tínhamos visto uma deformidade corporal semelhante”.
Os pacientes perguntavam: “Tem jeito Doutor?”
Eu respondia que SIM, mas não tinha certeza.
Então eu tive uma ideia:
Levei as fotos abaixo de vários pacientes que haviam emagrecido acima de 100kg e apresentei os casos numa reunião científica do HCFMUSP.
Ao final, a resposta dos Professores de Cirurgia Plástica:
“Não opere”
“É um paciente de ALTÍSSIMO RISCO”
Alguém precisaria tomar alguma ATITUDE.
A ATITUDE FOI TOMADA.
Diante da NEGATIVA, dois GRUPOS DE ESTUDO foram formados por nós:
Em 3 meses iniciamos as Cirurgias Plásticas feitas em etapas (01 Cirurgia por etapa), utilizando a AUTOTRANSFUSÃO quando esta era sugerida pelo GRUPO.
O que é AUTOTRANSFUSÃO?
É a retirada de um volume de sangue do paciente cerca de 1 semana antes da cirurgia e é transfundido durante o ato cirúrgico.
As cirurgias eram feitas baseadas na ANATOMIA e na CIRURGIA PLÁSTICA ESTÉTICA.
A dieta era de 250cal/dia e o paciente entrava numa CETOSE METABÓLICA SEVERA.
O Consenso do Grupo era de entrar com uma dieta de 1000cal durante os 7 dias que antecediam a cirurgia para diminuir o grau de CETOSE.
Pelo fato de ter trabalhado no SPAMED Campus desde a sua inauguração e de termos feito durante os 5 primeiros anos, mais de 300 Cirurgias Plásticas para os pacientes ex-obesos mórbidos, com perda acentuada de peso (50 a 150kg), estávamos preparados para fazer as Cirurgias Plásticas pós-Bariátricas que aconteceram em larga escala no início da década de 90.
Em 1987 fizemos os primeiros casos de Cirurgia Plástica pós-Bariátrica em pacientes que tinham sido submetidos à Gastroplastia nos EUA e Israel.
Posteriormente realizamos cirurgias em pacientes vindos do Instituto Garrido e do HCFMUSP.
Esses pacientes com IMC acima de 50, por segurança fazíamos a AUTOTRANSFUSÃO.
O Serviço de Hematologia do Hospital Sírio-Libanês teve uma grande importância no uso de AUTOTRANSFUSÃO.
Após termos feito isoladamente cirurgias pós-emagrecimento acentuado durante 5 anos em Hospitais particulares recebi o convite do prof. Dr Orlando Lodovici, prof. Titular da Disciplina de Cirurgia Plástica da Faculdade de Medicina da USP.
Já nas primeiras cirurgias pós-bariátrica dentro do Hospital das Clínicas a AUTOTRANSFUSÃO foi eliminada.
FOI UM GRANDE AVANÇO.
No início da déc. de 90 recebi um convite do prof. Dr. Marcus Castro Ferreira, Professor Titular da Disciplina de Cirurgia Plástica da Faculdade de Medicina da USP, para assumir a vaga de PESQUISADOR na área de Cirurgia Plástica do HCFMUSP.
Houve uma exigência do Professor, para que na pesquisa fossem estudados os seguintes aspectos:
a) Planejamento Cirúrgico
b) Método
c) Preparo pré-operatório
d) Pós-operatório
e) Cirurgias Combinadas ou Associadas
f) Assepsia e Antissepsia
g) Duração das Cirurgias
h) Autotransfusão
i) Cicatrizes
j) Contorno Corporal
k) Grau de satisfação do paciente
Fizemos o trabalho durante 5 anos com bons resultados e sem complicações.
Em 1997 eu fui convidado para fazer um trabalho de pesquisa em Detroit/Michigan, EUA, aonde trabalhamos durante 12 anos com uma carga de 7 a 10 dias anuais e 8hs diárias.
O trabalho foi bem sucedido, visando a Capacitação de Especialistas em Cirurgia Plástica para as Cirurgias Plásticas pós-Bariátricas.
Em 2005 foi criado o Capítulo “Cirurgia Plástica na Obesidade Mórbida”, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica sendo eu um dos membros fundadores.
Nessa época eu já havia escrito um Capítulo sobre Cirurgia Plástica pós-Bariátrica no primeiro Tratado sobre Cirurgia da Obesidade, cujo Editor foi o prof. Dr. Arthur B. Garrido.